9 de abril de 2023 –
João 20: 1-9:
Refletindo sobre o Evangelho de hoje, pensei em tempos. Vejo nos três personagens (Madelena, Pedro e o outro discípulo), estágios diferentes da nossa caminhada humana e da nossa caminhada de fé.
Neste Evangelho aparece a pessoa de Maria Madalena, que é madrugadora, aquela que cedo se põe a caminho, ela é aquela que por estar cedo de pé, dá conta de perceber os últimos acontecimentos. E, rapidamente anuncia. “Algo diferente aconteceu.”. Mesmo não tendo clareza ainda do significado do ocorrido, ela está atenta e se dá conta de que a realidade mudou.
Segundo personagem, Pedro afoito como sempre, corre e junto com ele outro discípulo. Segundo o relato, o outro discípulo, descrito como aquele que Jesus amava, sai em disparada e, chegando primeiro ao túmulo, pára na entrada. Esta pessoa tem processos rápidos na sua ação num primeiro momento, mas adentrar ao túmulo é mais profundo, mais complexo, exige mais, então neste ponto ela pára e espera o seu tempo.
Depois, chegou Pedro que, segundo o relato, teria se atrasado um pouco. Talvez fosse mais velho, e demorasse mais pra correr. Entretanto, na sua demora para chegar ao túmulo, ele tem tempo para se encorajar e adentrar sem titubear. E isso é o que ocorre, ele entra e vê tudo como tinha sido dito. Vê também, que Jesus não estava lá.
No fim do texto, uma frase que parece óbvia, mas desta vez me pareceu tão óbvia assim. “Depois entrou também o discípulo, aquele que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu e acreditou”.
Bem, quem chegou primeiro ao túmulo segundo o relato, foi Maria Madalena. Teria sido ela a pessoa que depois de ver, anunciar e esperar fora do túmulo, teve condições de entender o que de fato se passara? Teria sido ela que ajudou os dois outros discípulos, a rememorar e finalmente, se darem conta de que Jesus tinha ressuscitado?
Fiquei pensando nessa coisa de tempos. Como cada um de nós faz o seu caminhar dentro do seu espaço de tempo, do seu ritmo. Mas como esses nossos tempos individuais de caminhar, se encontram em algum momento para juntos reconhecermos o novo revelado a cada um de nós.
Pareceu-me importante, respeitar o tempo que cada um precisou para fazer o seu processo, mas muito importante também, foi o tempo de se juntar e partilhar os achados. Esse caminhar junto, é a sinodalidade de que tanto temos falado e refletido nestes dois últimos anos. Cada um de nós, experimenta a ação divina da forma e no tempo que pode compreender, entretanto se não houver o momento de se juntar e celebrar a experiência revelada a cada um, ficará faltando uma parte importante, e a caminhada não será sinodal. Estaremos dizendo que cremos na mesma coisa, mas cada um no seu espaço privado e não, verdadeiramente juntos.
Nós Notre Dame acabamos de ter o nosso capítulo, e pretendemos caminhar juntas a partir da experiência revelada a nós na caminhada capitular. Cabe a cada uma, e a todas nós, darmos o nosso melhor para que isso de fato ocorra. Que assim seja! Vamos juntas com as bênçãos das nossas ancestrais.
João 20: 1-9:
E, no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro. Correu, pois, e foi a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram. Então, Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia, não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis e que o lenço que tinha estado sobre a sua cabeça não estava com os lençóis, mas enrolado, num lugar à parte. Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. Porque ainda não sabiam a Escritura, que diz que era necessário que ressuscitasse dos mortos.
Conheça a Irmã Sandra Araujo Santos, SNDdeN