Reflexão de domingo julho 25 – pela Irmã Katy Webster, SNDdeN
João 6: 1-15
A igreja nos presenta hoje com o quarto sinal de Jesus quando ele andou na terra no meio do povo narrado no Evangelho da comunidade de São João. É um dos seis relatos da multiplicação das pães para alimentar um multidão de pessoas que estão nos quatro Evangelhos. Tem uns detalhes neste relato que mostram a radicalidade deste evento.
Jesus está saindo de Jerusalém, atravessando o mar para a terra considerada pagão, fora da lei, no tempo da Páscoa quando o povo judeu estava indo para Jerusalém para prestar culto, celebrar a libertação do Povo de Deus da escravidão do Egito e pagar suas dívidas com o Templo. Esta exigência tinha se tornado pesado para o povo, esta viagem todo ano para Jerusalém para pagar os dízimos e ofertas para ser perdoado das transgressões contra a lei. Jesus estava indo na direção oposta e uma multidão provavelmente indo para Jerusalém cumprir as exigências religiosas no Templo, tinha visto as curas que Jesus tinha feito e mudou de rota e foi atrás dele.
Jesus subiu na montanha e sentou com os discípulos e quando ele olha lá vem esta multidão. A primeira preocupação de Jesus era a fome do povo. Esta multidão estava fora de casa, fora de suas comunidades, um povo peregrino indo para Jerusalém no tempo da Páscoa. Jesus procura como nós, o grupo dele, vamos comprar comida para este povo? Filipe responde dentro do sistema conhecido imaginando no dinheiro. Ele disse para Jesus, não tem dinheiro para comprar pão para todo este povo, nem para ter um pedacinho. Outro discípulo, André, tinha feito uma pesquisa no meio do povo e achou um menino com cinco pães e dois peixes. O pão era de cevada, comida de pobre. De uma criança começa a aparecer a solução.
Jesus pede que os discípulos falam para o povo se sentar, relaxa, se acomoda. Ele não fala “Faz fila”. Cria um ambiente de convivência. É uma indicação que terá comida suficiente para todo mundo, não precisa se agoniar. Também os estudiosos nos diz que naquele tempo era somente gente livre que sentava quando comia. Jesus estava convidando este povo de assumir seu estado de pessoas dignas e livres. Com certeza naquele multidão tinha escravos, empregados e servos que tinham acompanhado seus patrões para Jerusalém e estavam acostumado de comer as migalhas em pé das casas dos patrões. Isso foi um convite revolucionário.
De repente aparece grama no meu do deserto onde o povo pode sentar. Até a natureza acolhe este sinal.
Uma vez que o povo está sentado, agasalhado, Jesus dá graças e distribuiu o pão e peixe para todos presentes que se saciaram. É uma frase de abundância, de fartura e de satisfação. A abundância foi tanto que recolheram doze cestos de sobras. Doze é um número que sugere totalidade: 3 (a Trindade, comunidade completa e perfeita) vezes 4 (quatro pontos do mundo, em todo lugar). Esta partilha é um sinal que pode acabar com a fome de todo mundo no mundo inteiro. Jesus sinaliza que tem jeito de não ter fome neste mundo, se haja partilha, uma convivência de comunidade, agradecimento pela produção.
O fato que Jesus percebe que o povo quer pegar ele e fazer dele um rei, assim pensando que sempre vai ter comida, e sai de cena mostra que o povo não entendeu ainda o significado do sinal. Não é Jesus que opera um milagre, mas faz um sinal que anuncia que o povo tem a solução da maldade de fome no meio deles mesmo. A criança sabe, pois não tinha medo de partilhar tudo que ele tinha.
Nesta pandemia de Covid, muita gente tem passado muita necessidade. Ficamos admiradas que aqui em Anapu, não surgiu casos de fome, de gente passando fome, de não ter nada, nada para comer. Por quê? Porque o povo estava partilhando. Famílias e vizinhos perceberam a dificuldade de outros e ajudaram. Grupos fizeram campanhas no município, sem muito barulho, juntaram alimentos, e fizeram cestos básicos e os distribuíram no meio do povo que estava passando dificuldade. Nacionalmente pessoas têm doado e distribuído toneladas de alimentos para o povo que está numa situação de necessidade.
Neste momento estamos vendo lugares que não tem vacina suficiente para sua população. É porque não tem neste mundo vacina suficiente? Não tem como produzir vacina suficiente para todo mundo? Ou tem gente manipulando o mercado para tirar lucro da vacina? A prioridade não é de distribuir vacina suficiente para todo mundo poder se imunizar deste vírus, salvando vidas, mas tem gente que está querendo usar esta necessidade como uma fonte de renda, acumular mais riqueza pessoal e empresarial.
Se a prioridade de todas as pessoas do mundo fosse de garantir comida e vacina para todo mundo neste planeta, como a ação de governos, de empresas,de entidades e de comunidades não ia ser diferente. Quando leu esta última frase, surgiu uma reação como: “ isso é impossível”? É. Sinto a mesma coisa, mas vou morrer tentando de agir de modo diferente, porque acredito que é exatamente isso que Jesus estava ensinando com este quarto sinal.
Não posso escrever uma reflexão para o 25 de julho, o domingo quando era para ter encerrado a Romaria da Floresta sem lembrar este evento que só acontece por causa da partilha do povo das comunidades de Anapu. As comunidades partilham arroz, feijão, carne, farinha e muito mais em abundância para os romeiros e as romeiras. Sempre tem sobras! É o ensaio da nova visão que Jesus indica. A pandemia fez com que cancelamos mais uma vez. Mas no 2022, estaremos de volta na estrada!
O que você vê, ouve, faz que ajuda você acreditar que esta revolução que Jesus sinaliza é possível?
João 6: 1-15
Depois disto partiu Jesus para o outro lado do mar da Galiléia, também chamado de Tiberíades. E seguia-o uma grande multidão, porque via os sinais que operava sobre os enfermos. Subiu, pois, Jesus ao monte e sentou-se ali com seus discípulos. Ora, a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima. Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Felipe: Onde compraremos pão, para estes comerem? Mas dizia isto para o experimentar; pois ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-lhe Felipe: Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pouco. Ao que lhe disse um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro: Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos? 1Disse Jesus: Fazei reclinar-se o povo. Ora, naquele lugar havia muita relva. Reclinaram-se aí, pois, os homens em número de quase cinco mil. Jesus, então, tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos que estavam reclinados; e de igual modo os peixes, quanto eles queriam. E quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca. Recolheram-nos, pois e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido. Vendo, pois, aqueles homens o sinal que Jesus operara, diziam: este é verdadeiramente o profeta que havia de vir ao mundo. Percebendo, pois, Jesus que estavam prestes a vir e levá-lo à força para o fazerem rei, tornou a retirar-se para o monte, ele sozinho.