Vigésimo quarto domingo do tempo comum – Irmã Sister Jane Dwyer, SNDdeN

Sep 7, 2022 | Gospel Reflections

11 de setembro de 2022

Lucas 15, 1-32

As palavras que abrem o Evangelho de hoje nos colocam firmemente no centro do conflito entre Jesus e os fariseus e escribas e, portanto, na encruzilhada de nossa escolha de ser realmente um seguidor ou seguidora viva de Jesus. Quem acredita em Jesus e acredita seriamente em si mesmo como seguidor de Jesus, não pode evitar este conflito. Com quem nos reunimos em nossa vida cotidiana? Será que percebemos o sofrimento ao nosso redor? Somos capazes de nos deixar envolver no sofrimento dos outros e das outras? Ou nossas vidas estão ocupadas demais para abraçar esta realidade crescente de sofrimento, rejeição e marginalização em nossa sociedade? Será que nos colocamos em situações em que compartilhamos e comungamos com aquelas pessoas diferentes de nós, aquelas a quem nossa sociedade rejeita e marginaliza? Enquanto os escribas e fariseus resmungam sobre Jesus recebendo e comendo com os pecadores, Jesus os cerca com três parábolas maravilhosas e esclarecedoras. As parábolas do pastor e sua ovelha perdida e a mulher e sua moeda perdida são exemplos diários em nossas vidas. Muitas de nossas experiências cotidianas provavelmente refletem as parábolas da ovelha perdida e da moeda perdida, pelo menos a perda de algo importante e precioso para nós. Mas a questão do Evangelho é: O que acontece quando encontramos a ovelha perdida ou a moeda perdida? Será que realmente celebramos? Chamamos nossos amigos, amigas e nossa comunidade para regozijar-se e compartilhar de nossa gratidão a qual possamos acolher os pobres, necessitados e perdidos em nossa sociedade? Temos uma comunidade com qual podemos compartilhar nossas vidas e nossos bens, com qual podemos compartilhar nossas refeições, nossas celebrações, nossas preocupações. Temos uma comunidade na qual podemos acolher outros que estão sozinhos, perdidos e famintos? Se não temos um lugar sagrado deste em nossas vidas, como podemos ser seguidores e seguidoras de Jesus? Como podemos viver como Ele viveu, ser como Ele é, oferecer esperança, vida e comunidade para nós mesmos e para os outros e as outras?

A parábola do Pai e seus dois filhos nos coloca no meio desta tragédia, a tragédia de não criar e construir comunidade, a tragédia de não ter tempo, a tragédia do individualismo que nos rodeia e nos envolve, a perda de vista do chamado que Jesus oferece em nossas vidas. A parábola dos dois filhos não é sobre o filho pródigo, como tantas vezes nos foi dito. Trata-se de uma família que vive talvez sob o mesmo teto, mas em mundos distantes e isolados um do outro. Os filhos não são irmãos. Os irmãos não são filhos. Esta relação não existe. O pai é pai, relaciona-se e age como pai, mas o relacionamento de pai e filho não existe. POR QUÊ? O pai ouve e atende aos desejos de seu filho mais novo. Mas na divisão lembra-se também do filho mais velho. Este filho mais velho permanece em silêncio até o final da parábola. O mais jovem intoxicado com seus próprios sonhos e desejos, pega sua parte e vai embora. Depois de gastar toda sua herança, o filho mais novo está com fome, frio e sozinho. Ele encontra algum tipo de serviço cuidando de porcos. Mas não lhe foi permitido comer a comida deles. Em sua fome, humilhação e miséria, ele se lembra da casa de seu pai e da maneira como seu pai trata os criados e os trabalhadores. Para aliviar suas necessidades, o filho volta à casa de seu pai esperando ser contratado e receber o salário justo que seu pai sempre ofereceu. Não há sinal de remorso, reconhecimento de erro, desejo de pedir perdão. Ele simplesmente reconhece a realidade que criou e agindo dentro dessa realidade avisa seu pai que ele percebe que perdeu seu direito de ser considerado um filho.

O pai, entretanto, responde totalmente como pai, compassivo, regozijando-se com o retorno de seu filho perdido. Ele sai para recebê-lo, abraça, beija e chama por roupas e regalias dignas de seu filho. Ele também chama os criados para preparar o banquete de celebração, convidando a todos a participar. “Pois este meu filho estava morto, e está vivo novamente; ele estava perdido e foi encontrado”. E começaram a celebrar. Mas não há nenhuma indicação na parábola de que o filho tenha assumido seu status de retorno, que ele realmente reconheça seu erro, que ele se regozije em ser novamente membro da família.

E, de repente, o filho mais velho aparece e reage. Ao se aproximar da casa, ele ouve a música e a celebração. Ele chama os criados para descobrir o que está acontecendo. Sua resposta é raiva e recusa a entrar nas comemorações. Seu pai vai até ele e o implora. Mas ele responde a seu pai: “Veja. Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua e nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos”. Mas quando chegou este teu filho que devorou teus bens com prostitutas, matas para ele um novilho gordo”!

E a resposta do pai: “Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. Era preciso festejar e nos alegrar, pois esse seu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado”.

A parábola termina. O filho mais novo parece continuar no meio da celebração, embora claramente ainda não tenha compreendido as consequências de seus atos e decisões precipitadas. O filho mais velho, zangado e revoltado, permanece fora e longe da celebração. Há festa, comida, bebida e barulho. Mas a comunidade não existe. O filho mais novo voltou, mas a família não está viva e bem para recebê-lo, para caminhar com ele, para levá-lo ao verdadeiro arrependimento e a uma nova vida. O filho mais velho permanece intolerante, indignado e incapaz de abrir seu coração e seu lar a um irmão perdido que começa a trilhar o caminho para uma nova vida. Voltamos ao início do Evangelho de hoje: “Agora os cobradores de impostos e pecadores estavam todos se aproximando de Jesus”. E os fariseus e os escribas resmungam dizendo: ” Esse homem acolhe pecadores e come com eles”. E eu? Onde eu estou? Onde estamos neste evangelho, nesta parábola? Jesus nos chama a que? Jesus nos chama a fazer o que? Para quem?

 

 

Lucas 15, 1-32

Ora, chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
E os fariseus e os
escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.
Então ele lhes propôs
Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não
deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?
E achando-a,
põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo;
e chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes
diz: Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido.
Digo-vos que
assim haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove
justos que não necessitam de arrependimento.
Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e
perdendo uma dracma, não acende a candeia, e não varre a casa, buscando com diligência até
encontrá-la?
E achando-a, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque
achei a dracma que eu havia perdido.
Assim, digo-vos, há alegria na presença dos anjos de
Deus por um só pecador que se arrepende.
Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos.
O mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me toca. Repartiu-lhes, pois,
os seus haveres.
Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu para um país
distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
E, havendo ele dissipado
tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a passar necessidades.
Então foi
encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar
porcos.
E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém
lhe dava nada.
Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância
de pão, e eu aqui pereço de fome!
Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei
contra o céu e diante de ti;
já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos
teus empregados.
Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu,
encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
Disse-lhe o filho:
Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.
Mas o pai
disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e
alparcas nos pés;
trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos,
porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a
regozijar-se.
Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e quando voltava, ao aproximar-se
de casa, ouviu a música e as danças;
e chegando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
Respondeu-lhe este: Chegou teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu
são e salvo.
Mas ele se indignou e não queria entrar. Saiu então o pai e instava com ele.
Ele, porém, respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um mandamento
teu; contudo nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com os meus amigos;
vindo,
porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
Replicou-lhe o pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu;
era justo,
porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se
perdido, e foi achado.

 

 

 

Conheça a Irmã Katy Webster, SNDdeN

Sister Jane Dwyer is a Sister of Notre Dame de Namur who was born in Brighton, MA on June 15, 1940. She moved to Hawaii when she was 6 years of age. She made her first communion in Star of the Sea Parish, Honolulu, Hawaii where she met SNDs from Massachusetts. Later the family returned to Pennsylvania and Jane graduated from Notre Dame, Moylan, PA in 1958. She went to Penn State, and studied in Strasbourg, France during her senior year. She entered the Sisters of Notre Dame on September 8, 1963, on the same day she participated in the “I have a dream” march of Martin Luther King in Washington, DC. Sr. Jane has been in Brazil since January 20, 1972. She realizes that the people living in poverty in Brazil have taught her very much. In her reflection, she speaks from her concrete experience of living and ministering with and among the people. She acknowledges her gratitude to the Congregation of the Sisters of Notre Dame de Namur for the privilege of her Mission during 40 years in Brazil.